domingo, 15 de novembro de 2009

Caso clínico

Mulher, 62 anos, HAS há 22 anos, com diagnóstico de DM tipo II há 3 anos, veio à consulta no PSF queixando-se de dor epigástrica, náuseas, parestesia em dedos das mãos e 2 crises hipoglicêmicas no último mês. Nega sintomas urinários.
Paciente fumante, 1 carteira por dia.
Ao exame físico: PA= 160x90, FC=98, FR=21
EGB, hipocorado (2+/4+), orientado, ccoperativo
ACP- MVU/SRA BNF, 3T por B4,SS
Abdômen- circuferência abdominal 110 cm, flácido, indolor, S/ VMG
Presença de edema de MMII 2+
Fundo de olho- presença de exsudatos algodonosos, sem alterações papilares
Medicações em uso- Metformina 1g/dia
HCTZ 25 mg/dia
Anlodipina 5 mg/dia
Paciente trouxe HC- Hb=10,2 HT=31% Leu=9000 Plaq=345.000
S.U. 10/08/09- proteinúria 2+
S.U 20/10/09- proteinúria 3+, presença de cilindros hialinos
Glicemia de jejum= 130 mg/dl
Hb glicosilada=11%
Uréia= 55
creatinina= 2,1 (Peso= 85Kg)
Proteinúria de 24hs= 1,2 g Na+= 130 K+= 5,9
US abdominal: rins de tamanho normal, córtex 0,9 cm rim esquerdo, dificuldade na limitação córtico-medular.

Questões:
-Hipoteses para o quadro clínico do paciente?
-Conduta?

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Dia Mundial do Diabetes- Ações da LAD-UFC


Atividades pelo Dia Mundial do Diabetes em Fortaleza pela SBEM-CE, Liga Acadêmica de Diabetes da Universidade Federal do Ceará, Instituto Renan Montenegro de Apoio e Orientação a Criança Diabética e Instituto Cearense de Endocrinologia.

Audiência Publica sobre os direitos das pessoas com diabetes
Palestrantes:
Dr. Renan Montenegro Jr.
Deputado Federal Raimundo Gomes de Matos - Vice-Presidente da Frente Parlamentar em Defesa da Saúde.
Convidados:
Dr. João Ananias - Secretario Estadual de Saúde do Governo do Estado do Ceara
Dr. Alex Montealverne - Secretario de Saúde do Municipio de Fortaleza
Dr. Jose Edson Evangelista - Secretario de Saúde do Municipio de Maracanaú
Dr. Renan Montenegro - Presidente do Instituto Cearense de Endocrinologia
Dra. Ana Paula Montenegro – Presidente do Instituto Renan Montenegro de Apoio e Orientação a Criança Diabética
Mãe de um Portador de Diabetes tipo 1

No dia 13 - Dia do Diabético no Hospital Universitário da Universidade Federal do Ceará, onde serão realizadas atividades educativas para diabéticos e seus familiares e programa de detecção de indivíduos de risco.

Participação com entrevistas e depoimentos sobre Aspectos Educativos e Preventivos do Diabetes na Radio Universitária (07/11) e na TV Jangadeiro (10/11, 11/11 e 12/11).

Iluminação de AZUL dos seguintes monumentos e edificações: Shopping Iguatemi, COELCE (Companhia de Eletricidade do Ceará), UNIMED Fortaleza.

Atividades de Educação e Detecção do Diabetes e de Fatores de Risco em comunidades, shoppings centers, supermercados e praças públicas pelos alunos da Liga Acadêmica de Diabetes da Universidade Federal do Ceará, durante a semana do dia 9 a 14 de novembro.

Atividades de Educação e Detecção do Diabetes e de Fatores de Risco no Campus do Porangabussu da Universidade Federal do Ceará para alunos e profissionais de saúde pelos alunos da Liga Acadêmica de Diabetes da Universidade Federal do Ceará, durante a semana do dia 9 a 14 de novembro.

Por que o símbolo azul?



A campanha para a Resolução das Nações Unidas sobre Diabetes foi liderada pela Federação Internacional de Diabetes (IDF). Ela foi e continua sendo representada por um ícone simples, que pode ser facilmente adaptado e usado em todos os lugares. O ícone clama a união pelo diabetes e simboliza o apoio à Resolução das Nações Unidas sobre Diabetes.

O Conceito
Desde o início, a IDF buscou um símbolo simples, de modo a facilitar a reprodução em larga escala e facilitar o uso para qualquer pessoa que quisesse dar apoio à campanha. A ideia era ser algo tão simples, que uma criança pudesse desenhar com um giz de cera. O ícone pode ser facilmente reproduzido a um baixo custo e é facilmente integrado a qualquer campanha pelo diabetes.

A Escolha da Forma
Os círculos estão sempre presentes na natureza e têm sido usados como símbolo desde os primórdios da civilização. O significado do círculo é extremamente positivo. Em várias culturas, simboliza a vida, a mãe terra e a saúde. Nesta campanha, ele simboliza a união. A comunidade global de diabetes se juntou para dar apoio à Resolução das Nações Unidas sobre Diabetes. Nossas forças unidas foram a chave para fazer essa campanha tão especial.

A Escolha da Cor
O azul representa o céu e é a mesma cor da bandeira das Nações Unidas, que representa também a união entre os países. É a única entidade que pôde apelar aos governos de todos os lugares que era hora de reverter a epidemia global de diabetes, que ameaça o avanço econômico e que causa tanto sofrimento

domingo, 1 de novembro de 2009

Semana Internacional da Tireóide 2009

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

ESTADO HIPEROSMOLAR NÃO CETÓTICO

INTRODUÇÃO: Descrito inicialmente por Sarment e Schwartz em 1957. Ocorre mais freqüentemente em pacientes de meia idade ou idosos, portadores de Diabetes mellitus não insulino-dependente e apresenta uma elevada mortalidade de 40 a 70%
Inicialmente era conhecida como coma hipersmolar, porém em virtude da baixa incidência de coma nestes casos (menos de 10%) passou a ser denominada de Estado hiperosmolar não cetótico
DEFINIÇÃO: Quadro caracterizado por hiperglicemia severa, ausência de cetose ou cetoacidose, desidratação profunda, depressão do sensório e osmolaridade sérica acima de 300 mOsm/Kg
FISIOPATOLOGIA: No estado hiperosmolar não cetótico encontramos hiperglicemia acentuadamente em decorrência da resistência periférica da insulina que impede o transporte da glicose para dentro das células, a despeito da existência deste hormônio, A presença da insulina por si só não explica as diferenças existentes entre CAD e EHNC. A ausência de cetogênese pode ser explicada por vários mecanismos: a) Os níveis de insulina circulante inibem a lipólise, porém não impede a superprodução de glicose pelo fígado b) A hiperosmolaridade suprime a lipólise , não existindo substrato para produçào de cetonas. O resultado do EHNC é o desenvolvimento de distúrbio hidro-eletrolítico, com desidratação importante e hiperosmolaridade.
QUADRO CLINICO: A EHNC é uma patologia de lenta progressão, não sendo raro uma duração de sintomas de até 01 semana. O paciente pode se queixar de sede, puliúria. Pode existir sinais de processos infecciosos associados.
Ao exame físico, o paciente apresenta-se, desidratado, com taquicardia, febre de baixa intensidade. Se a desidratação é muito severa ou exista infecção o paciente pode apresentar hipotensão
Alterações do sensório são freqüentes, porém raramente existe coma, estes sintomas estão relacionados com a osmolaridade elevada, > 340 mOsm/Kg. Alteração do nível de consciência em pacientes com osmolaridade mais baixa, obriga a pesquisa de outra causa para esta alteração
A EHNC pode comprometer qualquer área cerebral, podendo ser encontrados sinais neurológicos focais, crise convulsiva, entretanto o edema cerebral é raro.
LABORATÓRIO: Na EHNC a glicemia costuma estar acentuadamente elevada, geralmente acima de 600 mg/dl, a osmolaridade plásmatica está acima de 330 mOsm/kg, cetonas ausentes ou com mínima elevação, pH acima de 7.30 e o bicarbonato acima de 20 mEq/l. Osmolaridade acima de 340 mOsm/Kg está relacionada com torpor e coma. Presença de coma em paciente com osmolaridade inferior a este valor , levanta a suspeita de meningite ou trauma.
O leucograma costuma estar elevado, mesmo na ausência de infecção, porém o achado de leucocitose extremante elevada obriga a uma pesquisa de um provável sítio de infecção.
Os níveis do sódio podem estar falseados pela pseudo-hiponatremia, decorrente da hiperglicemia e dos níveis de triglicerídeos. O potássio plasmático pode ser normal, alto ou baixo, porém o potássio corporal total encontra-se profundamente reduzido.
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: Acidente vascular cerebral, coma urêmico, coma hepático e cetoacidose diabética
TRATAMENTO: Tem como objetivos a correção da depleção de volume, do estado hiperosmolar e detectar e corrigir o fator precipitante.
HIDRATAÇÃO:
Reposição inicial com SF a 0,45%, 02 L em 02 h, seguido de 01 L a cada 02 h, até a glicemia alcançar 250 mg/dL quando deverá ser substituído por SG a 5%.
Na reposição do déficit de liquido, a metade e feita em 12h o restante nas 24 h.
INSULINA: Segue protocolo da cetoacidose, trabalhos mais recentes sugerem o uso de metade da insulina usualmente empregada na cetoacidose.
POTÁSSIO: Em virtude da ausência da acidose é bastante freqüente que os valores do potássio estejam baixos desde o exames iniciais e a reposição do potássio deve ser iniciada precocemente.
COMPLICAÇÕES: As complicações de EHNC estão essencialmente igual as encontradas na CAD. Exceto pelo menor desenvolvimento de edema cerebral, que ocorre muito raramente no EHNC.

sábado, 10 de outubro de 2009

Caso clínico

Identificação: J. A. N.,masculino, 41 anos, casado, cozinheiro, natural e procedente de Fortaleza.

Queixa principal: pressão alta

História da doença atual: paciente refere que desde 2006 vem medindo esporadicamente sua pressão em farmácias que estava entre 150x90mmHg e 160x100mmHg. Nesse sentido, teve orientação para procurar um posto de saúde para haver um maior controle da pressão. Relata sentir palpitação, falta de ar e sudorese em fortes emoções. Nega náuseas, vômitos e dor precordial. Refere também poliúria, polidipsia, e polifagia nos últimos 4 meses. Refere há dois anos ganho de peso de 6kg. Nega queixas de alterações urinárias.

História patológica pregressa: Paciente relata ter tido doenças próprias da infância, mas não foi internado por nenhuma das patologias durante essa época. Nega asma, pneumonia, tuberculose, dengue e malária. Nega diabetes. Nega doenças cardiovasculares. Refere tratamento para prurido intenso no corpo quando tinha 32 anos. Nega internações. Nega transfusões sanguíneas.

História de hábitos: É tabagista desde 2005, 1 maço/dia. Refere consumo de bebida alcoólica somente finais de semana, sem estimar quantidade. È sedentário. E quanto alimentação refere consumo de 6 refeições dia, sendo o almoço e a janta rica em carboidratos e alimentos gordurosos. Não faz uso de medicamentos.

História familiar: Refere mãe diabética e portadora de retinopatia. Pai cardiopata.2 Irmãos hipertensos. Tios paternos com hipertensão.

Exame físico:
Peso: 98kg Estatura: 1,70m Cintura abdominal: 102cm
Pressão arterial: 160x100mmHg Dx: 234 g/ml FC: 92bpm FR: 24ipm
Cooperativo, normocorado, hidratado, tenso, anictérico, afebril, acianótico.
Tórax:sem assimetria a inspeção, sem abaulamentos e retrações.
Ausculta pulmonar: MVU +, limpo, sem ruídos adventícios.
Ausculta cardíaca: RCR, 2T, bulhas hiperfonéticas, sem sopros, ictus palpável 2 polpas digitais à esquerda linha hemiclavicular.
Abdômen: globoso, flácido, com estrias esbranquiçadas, sem cicatrizes, sem abaulamentos e retrações, ausculta com borborigmos, indolor a palpação, sem visceromegalias.
Membros: pulsos palpáveis, assimétricos em membros inferiores, sem edema, sem alterações osteoarticulares. Presença de pústula no pé direito, e uma lesão hiperemiada na planta do pé esquerdo.
Teste do monofilamento: pé direito: 2+/6+, pé esquerdo: 3+/6+, insensibilidade de membros inferiores.

Conduta: solicitar exames de hemograma completo, glicemia de jejum, glicemia pós-prandial, hemoglobina glicada, creatinina, uréia, Na, K, colesterol total, HDL, LDL, triglicerídeos. Sumario de urina.
Uso oral de captopril 25mg, 2cp manhã, hidroclorotiazida 25mg 1cp manhã, ASS 100mg 1cp dia, metformina 500mg 2cp dia antes das refeições, um pela manha e outro noite. Dieta reduzida de carboidratos e alimentos gordurosos. Pratica de atividade física.

Retorno da consulta data (28/08/09):
J. A. N., paciente refere melhora das queixas e diminuição da pressão que hoje está em torno de 130x90mmHg. Refere ainda polifagia, poliuria e podipsia.

Realização de exames solicitados 22/08/09

Hemoglobina glicada 11,7 glicemia de jejum 156 colesterol total 240 HDL 52 LDL 154 triglicerídeos 172 uréia 38 creatinina 1,1
microalbuminúria 4(VU=1950).

Questões a discutir do caso:

*Paciente está com alguma outra patologia que não foi diagnosticada?
*Há complicações do diabetes nesse paciente?
*A conduta na primeira consulta está adequada?
*Há necessidade de solicitar mais exames?
*Após os resultados dos exames, qual será a conduta? há necessidade de insulinoterapia, se sim, qual seria?

segunda-feira, 27 de julho de 2009

NÍVEIS DE HEMOGLOBINA GLICADA EM POPULAÇÕES ESPECIAIS

Em crianças e adolescentes

As metas ideais para a hemoglobina glicada (A1C) em crianças e adolescentes ainda não estão
rigidamente determinadas, diferentemente do que ocorre com os indivíduos
adultos. Com o aumento da prevalência do diabetes nos jovens
e o uso crescente da concentração de A1C como indicador do controle
da glicemia, é importante o desenvolvimento de níveis de referência e
padrões de bom controle para essa faixa etária.
No estabelecimento dos objetivos para um bom controle glicêmico nas crianças
e adolescentes, os principais aspectos que devem ser considerados são:

• Crescimento e desenvolvimento adequados.
• Baixo risco de hipoglicemia (principalmente em crianças com
menos de 8 anos de idade, quando o desenvolvimento neurológico
ainda não está completo).
• O nível de controle glicêmico na faixa pré-puberal também é
importante para prevenir o desenvolvimento futuro de complicações
crônicas do diabetes.
• Durante a puberdade, há um aumento dos níveis de A1C.

A frequência de testes de A1C na infância e na adolescência vai depender
das disponibilidades locais e do nível de controle alcançado,
podendo variar de 2 a 4 por ano. É aconselhável que se tenha, pelo
menos, uma avaliação de A1C por ano.


Em diabéticos idosos
Nos pacientes idosos, o alvo da A1C deve ser individualizado. Os idosos
em boas condições clínicas e que apresentam complicações mi-
crovasculares são os que, provavelmente, mais se beneficiariam de
um controle glicêmico intensivo. No entanto, os riscos de um controle
glicêmico intensivo, incluindo hipoglicemia, tratamentos concomitantes
múltiplos, interações entre as drogas e os seus efeitos colaterais
devem ser considerados na equação do risco-benefício.
Nos adultos idosos já fragilizados, indivíduos com esperança de vida
limitada e outros nos quais os riscos do controle glicêmico intensivo
são maiores do que os benefícios potenciais, um nível de A1C de 8%
pode ser mais apropriado.


Em gestantes com diabetes

Gestantes com diabetes apresentam risco aumentado de aborto espontâneo
e de má formação congênita fetal. A magnitude destes riscos
depende, principalmente, do grau de controle metabólico do diabetes
no período pré-concepcional e no 1º trimestre da gestação. A mulher
diabética que pretende engravidar deve ser encorajada a atingir o melhor
controle metabólico possível antes e durante a gestação. Os níveis
de A1C recomendados para minimizar tais riscos também são os menores
possíveis, não devendo ultrapassar o limite de 1% acima do valor
normal do método. Durante a gestação, a A1C não deve ser usada como
parâmetro de avaliação para eventuais alterações da conduta terapêutica
devido ao longo período necessário para que os níveis glicêmicos
alterados possam se refletir nos níveis de A1C observados. Durante a
gravidez, é muito mais importante o controle rígido dos níveis de glicemias
de jejum e pós-prandiais do que os dos níveis de A1C.


Adaptado de:
ATUALIZAÇÃO SOBRE HEMOGLOBINA GLICADA (A1C)
PARA AVALIAÇÃO DO CONTROLE
GLICÊMICO E PARA O DIAGNÓSTICO DO DIABETES:
ASPECTOS CLÍNICOS E LABORATORIAIS
Fonte: Sociedade Brasileira de Diabetes

quarta-feira, 24 de junho de 2009

Diabéticos descontrolados têm propensão à perda auditiva, dizem estudos.

Pacientes diabéticos descontrolados ou aqueles portadores de complicações cardiovasculares ou neurológicas estão mais propensos a desenvolverem perda auditiva neurossensorial, de acordo com os resultados de dois estudos recentes.

O primeiro estudo foi realizado pela doutoras Kathleen E. Bainbridge e Catherine C. Cowie (the National Institute of Diabetes and Digestive and Kidney Diseases). Este estudo avaliou 472 pacientes diabéticos com idades entre 20 e 69 anos de idade, participantes de um levantamento americano chamado de National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES).

As autoras do estudo encontraram um risco seis vezes maior de perda auditiva neurossensorial de alta frequência em diabéticos portadores de neuropatia periférica e doença arterial coronariana (presença de placas de gordura nas artérias no coração).Os pacientes diabéticos descontrolados apresentavam um risco 3 vezes maior de perda auditiva de alta frequência. A perda auditiva era uniforme, independentemente da idade do paciente diabético. Os mesmos achados não foram encontrados para as perdas auditivas de média e baixa frequências.

No segundo estudo, o Dr. Mohammed Ismail da Manipal University (Mangalor, Índia,) também encontrou uma associação significativa entre a perda auditiva neurossensorial e o diabete melito descontrolado.Um total de 50 diabéticos foram comparados com 50 indivíduos controles não-diabéticos. Todos os diabéticos com hemoglobina glicosilada (exame que avalia o controle do diabete melito nos últimos 3 meses) acima de 7% (refletido um descontrole da doença), tinham algum comprometimento auditivo (56.5% tinham comprometimento leve a moderado, 35% moderado a severo, e 9% um comprometimento severo).Somente 40% dos pacientes com hemoglobina glicosilada abaixo de 7% tinham alguma grau de perda auditiva. A perda auditiva teve uma relação direta com o tempo de duração do diabete melito.

Os pesquisadores acreditam que a perda auditiva em diabéticos descontrolados seja causada por alterações circulatórias e pelo comprometimento do oitavo par de nervos cranianos (nervo vestibulococlear).

Fonte:American Diabetes Association(2009).

domingo, 24 de maio de 2009

Glicemia no prognóstico da síndrome coronariana aguda

Aécio Flávio Teixeira de Góis

A hiperglicemia da admissão de pacientes com síndrome coronariana aguda (SCA) é uma situação freqüente e constitui excelente preditor de sobrevida e complicações hospitalares em pacientes com ou sem diabetes melito (1). Apesar de inúmeros estudos terem indicado esses dados, ainda existem muitos questionamentos quanto à relação entre glicemia e SCA.
A prevalência de hiperglicemia à admissão de pacientes com SCA varia de 25% a 50% pela literatura (2). Em concordância com esses dados, nesta edição, o estudo de Lerario e cols. mostra que 37,4% de pacientes apresentavam alterações glicêmicas e insuficiência aguda do miocárdio (IAM) (3).
Em relação aos valores da glicemia, no estudo de Capes e cols., observou-se que o risco de complicações hospitalares em não-diabético com SCA ocorreria com valores de glicemia maior que 110 mg/dl e nos diabéticos com valores igual ou acima de 180 mg/dl de glicemia à chegada no hospital (2). Mostrando ainda que o aumento da mortalidade não se limitava a pacientes com diabetes preexistente. No estudo HI-5 (4), a mortalidade de seis meses foi bem maior entre os pacientes com IAM que mantinham média de glicose maior que 144 mg/dl.
Alguns autores têm exposto que a hiperglicemia após admissão é mais importante que o nível de glicemia admissional. Goyal correlaciona esse parâmetro com maior taxa de mortalidade no trigésimo e no centésimo octagésimo dia pós-internação (5).
No entanto, o exato mecanismo pelo qual a hiperglicemia aumenta a mortalidade nos pacientes isquêmicos não está ainda bem estabelecido. No estudo de Kersten e cols., observou-se diminuição da circulação colateral e aumento da área de infarto do miocárdio (6). Em estudos animais, a hiperglicemia tem demonstrado diminuir o pré-condicionamento isquêmico e promover apoptose. Além disso, a hiperglicemia eleva a pressão arterial sistólica e a diastólica e prolonga o intervalo QT (7). A hiperglicemia no IAM está associada ao aumento de ácidos graxos livres, que induz arritmias cardíacas e resistência insulínica, levando a aumento de consumo de oxigênio e a piora da isquemia. A hiperglicemia também está relacionada com disfunção microvascular, estado pró-trombótico, inflamação vascular, além de disfunção endotelial (8,9).
Outro aspecto importante ainda não solucionado relaciona-se aos métodos e aos índices utilizados para mensurar glicose no contexto do IAM, entretanto, com o uso do monitor contínuo de glicemia, essas dúvidas deverão ser respondidas no futuro próximo.
Nos estudos dos pacientes críticos com controle rigoroso da glicemia, verificou-se melhor evolução no grupo de pacientes que mantinham a glicemia entre 80 e 110 mg/dl nos pacientes em UTI cirúrgica (10). Entretanto, em um estudo subseqüente (10), observou-se que o controle rigoroso da glicemia não trazia benefício em pacientes que ficavam internados até três dias na UTI ou naqueles que tinham diagnóstico prévio de diabetes. Com base nesses dados, não se tem exigido um controle rigoroso da glicemia nos pacientes com SCA, já que esses pacientes geralmente ficam internados por menos de três dias nas UTIs. No entanto, esta prática merece ser analisada com cautela, pois no estudo de Van den Berghe (10), os pacientes internados na UTI não se limitavam especificamente aos pacientes acometidos por SCA.
Outro aspecto importante quanto ao controle glicêmico de pacientes com SCA é a hipoglicemia. No estudo do Svenson, uma única dosagem de glicose menor que 54 mg/dl durante a hospitalização por SCA promoveria aumento no risco relativo de mortalidade em 93% (11).
Dentro desse panorama de dados e de questionamentos quanto à glicemia e ao IAM, Lerario e cols. mostram um estudo que reflete a realidade brasileira, no qual se constatou maior prevalência de óbitos em pacientes com IAM e diabetes (3). Espera-se que novas evidências nessa área sejam adicionadas com os estudos IMMEDIATE (The Immediate Metabolic Myocardial Enhancement During Initial Assessment and Treatment in Emergence Care) e INTENSIVE TRIAL (The Intensive Insulin Therapy and Size of Infarct as a visual End Point by cardiac magnetic resonance imaging), ora em andamento (12).

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Diabetes e Hipotireoidismo

Paula Camila Rodrigues - 23/05/2008 10:01 Redação Online da SBD

Até o dia 25 de maio, acontece o 13º Encontro Brasileiro de Tireóide, em Campinas (SP). O evento, que começou no dia 22, é promovido pelo Departamento de Tireóide da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e conta com cerca de 2 mil participantes. Muitas vezes, quando o médico solicita exames para verificar como anda o tratamento de diabetes, também pede outros para avaliar a função da tireóide. Para saber o porquê disso, o site da SBD entrevistou a Dra. Rosângela Réa, endocrinologista e professora-chefe da Unidade de Diabetes do Serviço de Endocrinologia do Hospital de Clínicas da UFPR. Leia a seguir.
Redação da SBD: Pessoas com diabetes tipo 1 têm mais tendência a apresentarem doenças de tireóide? Quais e por quê?Dra. Rosângela Réa: Sim, porque, tanto o diabetes tipo 1 quanto a tireoidite de Hashimoto (o tipo mais comum de inflamação da tireóide e a causa mais comum de hipotireoidismo), são doenças de caráter auto-imune. Observa-se, então, que pacientes com diabetes tipo 1 têm uma probabilidade 30 a 50 vezes maior de apresentarem outras doenças auto-imunes.
Redação da SBD: Há alguma relação entre diabetes tipo 2 e doenças de tireóide?Dra. Rosângela Réa: Sim, pessoas com diabetes tipo 2 e com pré-diabetes têm um risco maior de apresentarem anticorpos para a tireoidite de Hashimoto. A dosagem desses anticorpos é muito útil no reconhecimento desta doença. Com isso, é necessário motivar a maior parte dos médicos a avaliar os níveis de hormônios tireoideanos e dos anticorpos, quando um paciente é diagnosticado com diabetes.
Redação da SBD: Com que periodicidade devem ser feitos exames de tireóide em pacientes com diabetes? Que exames normalmente são pedidos?Dra. Rosângela Réa: Como já foi comentado, um exame de TSH, de anticorpos anti-TPO e de antitireoglobulina devem ser realizados ao diagnóstico do diabetes. Já os níveis de TSH devem ser posteriormente checados a cada um ou dois anos, ou mais freqüentemente, na presença de sintomas como fadiga, mudança no padrão de sono, ganho de peso, queda de cabelos, pele seca, dificuldade de concentração ou depressão. O T4 livre deve ser solicitado se os níveis de TSH estiverem alterados.
Redação da SBD: Qual a diferença entre hipotireoidismo e tireoidite de Hashimoto?Dra. Rosângela Réa: O hipotireoidismo é uma condição em que a tireóide se encontra com a atividade diminuída e a produção de hormônios tireoideanos é insuficiente para as necessidades do organismo. A tireoidite de Hashimoto é, então, a causa mais comum de hipotireoidismo, em que as áreas funcionais da tireóide são destruídas gradualmente. Com freqüência, também existe aumento do volume da tireóide (bócio).
Redação da SBD: Como é feito o tratamento do hipotireoidismo? Geralmente há necessidade de ajustes na insulina/medicação oral?Dra. Rosângela Réa: O tratamento do hipotireoidismo é feito através de reposição do hormônio tireoideano deficiente. Para isso, é administrada medicação oral, geralmente tomada 30 minutos antes do café da manhã. Esse tratamento é simples e deve ser feito por toda a vida. A normalização da função tireoideana pode levar ao aumento da glicemia e isso deve ser compensado através da intensificação do tratamento de diabetes.
Redação da SBD: O que pode acontecer se o hipotireoidismo não for tratado?Dra. Rosângela Réa: Quando não tratado, o hipotireoidismo poderá acarretar anemia, temperatura corpórea baixa e insuficiência cardíaca. Em casos mais graves, isso pode evoluir para a confusão mental, estupor e até mesmo o coma mixedematoso. Portanto, é muito importante fazer o tratamento adequado.
Redação da SBD: Há como prevenir o aparecimento da tireoidite de Hashimoto?Dra. Rosângela Réa: Infelizmente, não. Porém, a detecção e o tratamento precoce podem impedir o aparecimento de suas manifestações clínicas. A tireoidite de Hashimoto é mais comum em mulheres e costuma acometer várias pessoas na mesma família.

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