quarta-feira, 20 de maio de 2009

Diabetes e Hipotireoidismo

Paula Camila Rodrigues - 23/05/2008 10:01 Redação Online da SBD

Até o dia 25 de maio, acontece o 13º Encontro Brasileiro de Tireóide, em Campinas (SP). O evento, que começou no dia 22, é promovido pelo Departamento de Tireóide da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) e conta com cerca de 2 mil participantes. Muitas vezes, quando o médico solicita exames para verificar como anda o tratamento de diabetes, também pede outros para avaliar a função da tireóide. Para saber o porquê disso, o site da SBD entrevistou a Dra. Rosângela Réa, endocrinologista e professora-chefe da Unidade de Diabetes do Serviço de Endocrinologia do Hospital de Clínicas da UFPR. Leia a seguir.
Redação da SBD: Pessoas com diabetes tipo 1 têm mais tendência a apresentarem doenças de tireóide? Quais e por quê?Dra. Rosângela Réa: Sim, porque, tanto o diabetes tipo 1 quanto a tireoidite de Hashimoto (o tipo mais comum de inflamação da tireóide e a causa mais comum de hipotireoidismo), são doenças de caráter auto-imune. Observa-se, então, que pacientes com diabetes tipo 1 têm uma probabilidade 30 a 50 vezes maior de apresentarem outras doenças auto-imunes.
Redação da SBD: Há alguma relação entre diabetes tipo 2 e doenças de tireóide?Dra. Rosângela Réa: Sim, pessoas com diabetes tipo 2 e com pré-diabetes têm um risco maior de apresentarem anticorpos para a tireoidite de Hashimoto. A dosagem desses anticorpos é muito útil no reconhecimento desta doença. Com isso, é necessário motivar a maior parte dos médicos a avaliar os níveis de hormônios tireoideanos e dos anticorpos, quando um paciente é diagnosticado com diabetes.
Redação da SBD: Com que periodicidade devem ser feitos exames de tireóide em pacientes com diabetes? Que exames normalmente são pedidos?Dra. Rosângela Réa: Como já foi comentado, um exame de TSH, de anticorpos anti-TPO e de antitireoglobulina devem ser realizados ao diagnóstico do diabetes. Já os níveis de TSH devem ser posteriormente checados a cada um ou dois anos, ou mais freqüentemente, na presença de sintomas como fadiga, mudança no padrão de sono, ganho de peso, queda de cabelos, pele seca, dificuldade de concentração ou depressão. O T4 livre deve ser solicitado se os níveis de TSH estiverem alterados.
Redação da SBD: Qual a diferença entre hipotireoidismo e tireoidite de Hashimoto?Dra. Rosângela Réa: O hipotireoidismo é uma condição em que a tireóide se encontra com a atividade diminuída e a produção de hormônios tireoideanos é insuficiente para as necessidades do organismo. A tireoidite de Hashimoto é, então, a causa mais comum de hipotireoidismo, em que as áreas funcionais da tireóide são destruídas gradualmente. Com freqüência, também existe aumento do volume da tireóide (bócio).
Redação da SBD: Como é feito o tratamento do hipotireoidismo? Geralmente há necessidade de ajustes na insulina/medicação oral?Dra. Rosângela Réa: O tratamento do hipotireoidismo é feito através de reposição do hormônio tireoideano deficiente. Para isso, é administrada medicação oral, geralmente tomada 30 minutos antes do café da manhã. Esse tratamento é simples e deve ser feito por toda a vida. A normalização da função tireoideana pode levar ao aumento da glicemia e isso deve ser compensado através da intensificação do tratamento de diabetes.
Redação da SBD: O que pode acontecer se o hipotireoidismo não for tratado?Dra. Rosângela Réa: Quando não tratado, o hipotireoidismo poderá acarretar anemia, temperatura corpórea baixa e insuficiência cardíaca. Em casos mais graves, isso pode evoluir para a confusão mental, estupor e até mesmo o coma mixedematoso. Portanto, é muito importante fazer o tratamento adequado.
Redação da SBD: Há como prevenir o aparecimento da tireoidite de Hashimoto?Dra. Rosângela Réa: Infelizmente, não. Porém, a detecção e o tratamento precoce podem impedir o aparecimento de suas manifestações clínicas. A tireoidite de Hashimoto é mais comum em mulheres e costuma acometer várias pessoas na mesma família.

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