sábado, 15 de novembro de 2008

Ministério fará pesquisa sobre diabetes entre jovens

O Brasil, até 2025, deverá passar do oitavo para o quarto lugar no ranking mundial de pessoas maiores de 18 anos com diabetes. O número de brasileiros, nessa faixa etária, que vivem com a doença chegará a 17,6 milhões – quase 2,5 vezes mais que os atuais 7,3 milhões de adultos. O aumento significa cerca de 650 mil novos casos por ano. Em todo o mundo, estima-se que haja 246 milhões de pessoas com diabetes. Até 2025, esse número deve chegar a 380 milhões, segundo a Federação Internacional de Diabetes (IDF), entidade vinculada à Organização Mundial da Saúde (OMS).

Como o alerta mundial é para o avanço da doença em crianças e adolescentes, o Ministério da Saúde prepara uma pesquisa para identificar a população jovem com a doença. A investigação sobre a prevalência de diabetes entre adolescentes, prevista para começar em 2009, é essencial para que o governo possa saber quais os fatores de risco e reforçar mecanismos de prevenção e de atendimento.

Para chamar atenção da população mundial e brasileira sobre o problema, sexta-feira, 14, foi comemorado o Dia Mundial do Diabetes, no qual cerca de 300 monumentos em mais de 25 países foram iluminados, especialmente, com a cor azul. A idéia é chamar a atenção sobre o impacto dessa doença, sobretudo para portadores e famílias e para defender políticas públicas que favoreçam e possibilitem a essas pessoas viverem mais e melhor.

No Brasil, entre outros, a ponte Hercílio Luz, em Florianópolis (SC); o elevador Lacerda, em Salvador (BA); o Maracanã e o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro (RJ), receberam iluminação diferenciada.

Em Fortaleza foram iluminados

A estátua de Iracema, na lagoa de Messejana, e a Coluna da Hora, no Centro de Fortaleza, iluminadas das 18 às 22 horas com a frase “Previna a diabete”. O outro ponto que ficará azul na noite de sexta-feira será o Centro Integrado de Diabete e Hipertensão - CIDH, unidade da rede estadual de saúde.

DADOS NACIONAIS – O diabetes tipo 1, típico da infância e adolescência, está crescendo mundialmente, segundo o IDF, cerca de 3% ao ano nessa faixa de idade, notadamente na fase pré-escolar. No entanto, também o diabetes tipo 2, antes tida como uma doença de adulto, vem crescendo em crianças e adolescentes, como conseqüência da epidemia mundial de sedentarismo, obesidade e maus hábitos de consumo alimentar.

No Brasil, de acordo com o Vigitel 2007 (Sistema de Monitoramento de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas Não Transmissíveis), a prevalência média de diabetes na população adulta (18 anos e mais) é de 5,2% – o que representa cerca de 6,4 milhões de portadores que auto-referiram ter diabetes. A prevalência aumenta com a idade, chegando a 18,6% na população de 65 anos e mais. Não há números de diabetes tipo 1 no Brasil, mas estima-se que cerca de 9% a 10% do total sejam de diabetes tipo 1, o que representa cerca de 600 mil portadores.

GASTOS DO PODER PÚBLICO – Hoje, o Ministério da Saúde fornece gratuitamente medicamentos orais para diabetes (Glibenclamida, Glicazida e Matformina) e as insulinas NPH e regular. É difícil avaliar o custo total da doença. A diabetes é cuidada em diversos setores do sistema público, desde a atenção básica até a alta complexidade. Envolve ainda, entre outros, setores de vigilância, capacitação de profissionais, pesquisas e gestão. No entanto, estudos de custo direto do diabetes, ou seja, aqueles relacionados a consultas, exames, hospitalizações e medicamentos também estão sendo realizados pelo Ministério da Saúde ainda sem conclusão.

Na Atenção Básica, os recursos financeiros com medicamentos orais para hipertensão e diabetes estão regulamentados pela portaria da Assistência Farmacêutica nº 3.237, que envolve R$ 7,10 por habitante/ano, valor pactuado de forma tripartite (União, Estados/Distrito Federal e Municípios). A compra de insulinas é centralizada no Ministério da Saúde, que as distribui para estados e municípios. Em 2007, foram adquiridos 10,8 milhões de frascos de insulina NPH, pelo valor unitário de R$ 9,18, e 980 mil frascos de insulina regular, a R$ 8,19 a unidade. Os insumos exigem um gasto de R$ 0,30 por habitante/ano dos estados, municípios e Distrito Federal.

EDUCAR PARA O CUIDADO – Rosa Sampaio Vila-Nova afirma que o controle do diabetes é complexo. Exige mudanças de hábito de vida como alimentação adequada e atividade física regular, esquemas terapêuticos complexos, autocuidado cotidiano, disciplina; em muitas situações, envolve e afeta também a família, sobretudo quando atinge crianças e jovens e idosos. Nesses casos, a presença de um “cuidador” treinado e sensibilizado é fundamental. A doença atinge diversos órgãos, tais como rins, pés e olhos, podendo levar à doença renal crônica até a diálise renal, à amputação e à cegueira. Junto com a hipertensão, é a maior causa que leva a doenças cardiovasculares. De acordo com a médica, o indivíduo pode tomar o melhor medicamento disponível no mercado, mas ainda assim ele precisa saber lidar com a doença. “O autocuidado é o mais importante”, comenta.

Com a preocupação de ajudar a quem vive com diabetes, Rosa Sampaio Vila-Nova adianta que a coordenação trabalha no desenvolvimento de um programa de educação em saúde para o autocuidado, em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), o Centro de Diabetes da Bahia/SES-BA e a Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação/MS (SEGTES). A produção do material já começou, e as ações deverão deslanchar no primeiro trimestre do ano que vem. O programa disporá de uma plataforma na internet (Telessaúde) e, para isso, a SEGTES já tem 900 pontos no país. Além de fôlderes e publicações, haverá também a edição de um áudiobook para os deficientes visuais.

Até lá, a coordenação fará a capacitação de mil profissionais para que sejam multiplicadores na comunidade. Cada profissional treniado repassará o aprendizado para dez outros, construindo, dessa forma, uma rede para que a atividade de educação em saúde seja mais qualificada. A primeira turma estará pronta para entrar em ação em março de 2009.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Fatos e Mitos sobre Diabetes

Quem toma insulina tem diabetes do tipo 1?

Errado. Muitos diabéticos do tipo 2 necessitam dose extra de insulina para superar a resistência à insulina produzida pelo pâncreas ou porque seu pâncreas ficou “cansado” e não produz mais insulina em quantidades adequadas.

Meu pai ficou diabético de tanto comer açúcar.

Errado. Açúcar em excesso aumenta o peso e enfraquece os dentes, mas não provoca diabete, de imediato. Provoca indiretamente através da obesidade.

Minha mãe é diabética, portanto, eu também serei.

A genética é parte importante do processo, mas você ajudará a doença se for obeso. Obesidade é uma das causas principais de resistência à insulina.

Meu médico diz que eu estou um pouco diabético.

Errado. Ou você é diabético ou não. O que o médico quer dizer é facilmente controlou seu diabete com dieta e exercício. Mas cuidado, não abuse, a doença pode progredir.

Se a mãe teve diabetes na gravidez, a criança vai nascer diabética.

Não é verdade. Porém, se a criança teve peso grande ao nascer e se tornar uma criança ou adolescente obeso, tem mais chances de desenvolver a doença.

E a mãe que teve diabetes gestacional pode tornar-se diabética?

Sim, o risco é alto disto ocorrer, de 40 a 60%. De novo, a obesidade aumenta o risco.

Posso manter a insulina no congelador?

Não, ela pode mudar a fórmula. Depois de aberto o frasco, você pode mantê-lo em temperatura ambiente por 30 dias. Se for levar mais tempo para usá-la, coloque-a na porta da geladeira. Não congele.

Posso “sentir” os meus níveis de glicose sem medir?

Claro que o tempo e o aprendizado contínuo farão você conhecer seu corpo muito bem. Porém, “sentir” os níveis de glicose é impossível. Os testes são necessários.


Sou diabético, por isso devo comer diferente das outras pessoas.

Errado. A comida saudável para o diabético é também a do não diabético. Deve-se ter uma alimentação variada com conteúdo balanceado de carboidratos, proteínas e gorduras. Isso é bom para todos.

Como sou diabético, não posso comer nada de açúcar.

Este é um esforço extremo que não é necessário. O açúcar e os demais carboidratos são metabolizados da mesma forma. Se você balancear o seu uso, negociando consigo mesmo o que você prefere comer, certamente poderá, em raras ocasiões, ter o gosto daquela sobremesa que você adora. O que você não deverá deixar de controlar é que o doce ingerido junto com outros alimentos contendo fibras e avaliar os níveis de glicose após.

Diabéticos não podem ingerir bebidas com álcool.

Não é verdade. Se você controla bem seus níveis de glicose, pode beber um pouco de cerveja ou vinho, sempre junto com uma refeição; lembre-se da pirâmide dos alimentos: usar raramente. Combine com seu médico. Obviamente, você deverá abrir mão de outros alimentos naquele dia.

Sou diabético, por isso sou frágil para me exercitar.

Errado. O diabético necessita de exercícios. É só questão de organizar-se em relação à alimentação, níveis de glicose na hora do exercício e o tipo de atividade. Prefira ginástica aeróbica. Evite exercícios que mantenham os músculos contraídos, como musculação e “apoios” no solo.

Se fizer exercícios, caminhadas por exemplo, vou irritar a pele dos meus pés e criar úlceras.

Errado. Escolha o calçado ideal, use meias, procure selecionar o tamanho dos calçados à tarde, quando os pés são um pouco maiores. Sempre observe o aparecimento de áreas vermelhas de irritação e trate-as logo para evitar progressão. Saiba se seus pés têm risco de úlceras por neuropatia. Combine com seu médico.

De qualquer forma terei complicações com o meu diabete, não importa os cuidados que eu tomar.

Errado. A não ser que você tenha uma genética muito desfavorável, se você controlar os fatores de risco e principalmente, os níveis de glicose, você poderá viver sem complicações.

A pílula anticoncepcional pode afetar meu controle de diabetes.

Certo. Talvez você tenha que usar mais insulina ou medicação oral, pois a pílula pode reduzir sua ação, ainda que levemente.

O diabetes pode causar impotência.

Na realidade o diabetes pode antecipar a impotência masculina. Os problemas podem começar lentamente. Mais freqüentemente ocorrem após 50 anos de idade. Diabéticos iniciam problemas de impotência em média 10 anos antes de não-diabéticos. Se você controlar os níveis de glicose, poderá viver sem este problema.

O stress pode causar diabetes.

Errado. O stress por si só não é causador da doença. Mas quem é portador pode fazê-lo evoluir mais rápido vivendo sob stress. Por isto pode ocorrer que a primeira manifestação da doença seja um acidente de automóvel ou uma cirurgia, onde o stress é, certamente, exagerado.

O stress afeta o controle da glicose no sangue.

Correto. Primeiro, porque o stress libera hormônios que aumentam a glicose. Segundo, porque muitas vezes reagimos ao stress comendo ou bebendo mais ou nos exercitando menos.

O diabetes pode causar mudanças no comportamento.

A auto-estima ou o equilíbrio das emoções podem ser afetados pela presença da doença, que muitas vezes causa surpresas inesperadas ao portador. Por isso, apoio familiar e médico é importante para dar segurança ao paciente.

A depressão é mais comum em diabéticos.

Pode-se dizer sim. Todos nós oscilamos entre períodos melhores e piores, mas no diabético os períodos depressivos podem ser mais intensos. Apoio psicológico pode ser uma forma de evitá-los.


Fonte: Livro: “Desembarcando o Diabetes”.
Autor: Dr. Fernando Lucchese

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Os Psicólogos que Atuam com Diabetes no Brasil

Cintia Salomão Castro - 31/10/2008 13:35
Redação Online da SBD

Uma pesquisa inédita, realizada pela SBD, traçou o perfil dos psicólogos que trabalham com o diabetes no Brasil. Os dados obtidos mostram a necessidade de formar profissionais capacitados, que atuem nas equipes multidisciplinares junto aos pacientes no país.

A demanda por psicólogos que desempenhem essa função no setor cresce de maneira global. O fato ganhou mais força a partir de 2007, quando o International Society for Pediatric and Adolescent Diabetes (ISPAD) divulgou as 13 recomendações baseadas no conceito de que "os fatores psicossociais são as influências mais importantes que afetam o cuidado e o tratamento do diabetes".

Um ano antes da publicação das diretrizes do ISPAD, na revista Pediatric Diabetes, a psicóloga Fani Malerbi assumia a coordenação do, então, recém-criado Departamento de Psicologia da SBD. Foi quando surgiu a idéia de realizar a pesquisa.

"Antes de planejar qualquer ação dirigida aos psicólogos, eu precisava saber quantos profissionais poderiam ser envolvidos e qual era o seu perfil", conta Fani. O convite para participar da pesquisa foi enviado a todos os psicólogos afiliados à SBD, com chamadas nos sites da própria Sociedade Brasileira de Diabetes, da ADJ (Associação de Diabetes Juvenil) e do CFP (Conselho Federal de Psicologia). Dos 46 psicólogos que responderam por e-mail, 30 atuavam diretamente na área de saúde com pessoas com diabetes e familiares.

Demanda Crescente

Para Fani Malerbi, os dados obtidos confirmaram a demanda crescente pela participação do psicólogo na equipe multidisciplinar que cuida do diabetes. O fato já era visível durante os congressos internacionais, na literatura médica e no histórico de intervenções para melhorar a adesão ao tratamento. "Não podemos deixar de mencionar a contribuição do psicólogo clínico na abordagem do paciente que apresenta problemas psicopatológicos, como a depressão", afirma.
Ela ressalta que ainda há poucos psicólogos brasileiros atuando na área de diabetes: "Levando-se em conta que apenas 30 psicólogos brasileiros identificaram-se com o trabalho na área de diabetes, podemos afirmar que esse número é muitíssimo pequeno".
Para ela, isso mostra que "há uma necessidade de profissionais que não é suprida. A conclusão lógica é que precisamos capacitar profissionais para esse trabalho", conclui.

Mulheres São Maioria

"Há muitos estudos brasileiros que mostram a inserção do psicólogo na área da saúde, mas nunca havia sido feito um levantamento de psicólogos brasileiros que trabalham, especificamente, com pessoas com diabetes", lembra Fani, responsável pela pesquisa.

Dos 30 psicólogos, 29 são mulheres, com média de idade de 41,9 anos, com graduação concluída há 16 anos (também em média). A maioria atua no estado de São Paulo (13 do total), seguidos pelos de Minas Gerais (5) e Rio de Janeiro (3).

O tempo de experiência específica com tratamentos do diabetes gira em torno de seis anos, sendo que a maior parte trabalha com pacientes adultos.
Os hospitais públicos constituem o ambiente de trabalho da maioria, embora uma boa parte atue em consultórios particulares.

A psicanálise é o tipo de abordagem preferida dos profissionais, seguida de perto pela comportamental. Em seguida, vêm as abordagens junguiana, sistêmica e rogeriana. Os focos holístico, fenomenológico, transpessoal, psicossomático, cognitivo e eclético também foram citados.

Embora grande parte dos profissionais não tenha concluído mestrado nem doutorado, cerca de 75% freqüentou, pelo menos, um congresso nos últimos dois anos, enquanto 90% sente necessidade de receber treinamento.

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