terça-feira, 4 de novembro de 2008

Os Psicólogos que Atuam com Diabetes no Brasil

Cintia Salomão Castro - 31/10/2008 13:35
Redação Online da SBD

Uma pesquisa inédita, realizada pela SBD, traçou o perfil dos psicólogos que trabalham com o diabetes no Brasil. Os dados obtidos mostram a necessidade de formar profissionais capacitados, que atuem nas equipes multidisciplinares junto aos pacientes no país.

A demanda por psicólogos que desempenhem essa função no setor cresce de maneira global. O fato ganhou mais força a partir de 2007, quando o International Society for Pediatric and Adolescent Diabetes (ISPAD) divulgou as 13 recomendações baseadas no conceito de que "os fatores psicossociais são as influências mais importantes que afetam o cuidado e o tratamento do diabetes".

Um ano antes da publicação das diretrizes do ISPAD, na revista Pediatric Diabetes, a psicóloga Fani Malerbi assumia a coordenação do, então, recém-criado Departamento de Psicologia da SBD. Foi quando surgiu a idéia de realizar a pesquisa.

"Antes de planejar qualquer ação dirigida aos psicólogos, eu precisava saber quantos profissionais poderiam ser envolvidos e qual era o seu perfil", conta Fani. O convite para participar da pesquisa foi enviado a todos os psicólogos afiliados à SBD, com chamadas nos sites da própria Sociedade Brasileira de Diabetes, da ADJ (Associação de Diabetes Juvenil) e do CFP (Conselho Federal de Psicologia). Dos 46 psicólogos que responderam por e-mail, 30 atuavam diretamente na área de saúde com pessoas com diabetes e familiares.

Demanda Crescente

Para Fani Malerbi, os dados obtidos confirmaram a demanda crescente pela participação do psicólogo na equipe multidisciplinar que cuida do diabetes. O fato já era visível durante os congressos internacionais, na literatura médica e no histórico de intervenções para melhorar a adesão ao tratamento. "Não podemos deixar de mencionar a contribuição do psicólogo clínico na abordagem do paciente que apresenta problemas psicopatológicos, como a depressão", afirma.
Ela ressalta que ainda há poucos psicólogos brasileiros atuando na área de diabetes: "Levando-se em conta que apenas 30 psicólogos brasileiros identificaram-se com o trabalho na área de diabetes, podemos afirmar que esse número é muitíssimo pequeno".
Para ela, isso mostra que "há uma necessidade de profissionais que não é suprida. A conclusão lógica é que precisamos capacitar profissionais para esse trabalho", conclui.

Mulheres São Maioria

"Há muitos estudos brasileiros que mostram a inserção do psicólogo na área da saúde, mas nunca havia sido feito um levantamento de psicólogos brasileiros que trabalham, especificamente, com pessoas com diabetes", lembra Fani, responsável pela pesquisa.

Dos 30 psicólogos, 29 são mulheres, com média de idade de 41,9 anos, com graduação concluída há 16 anos (também em média). A maioria atua no estado de São Paulo (13 do total), seguidos pelos de Minas Gerais (5) e Rio de Janeiro (3).

O tempo de experiência específica com tratamentos do diabetes gira em torno de seis anos, sendo que a maior parte trabalha com pacientes adultos.
Os hospitais públicos constituem o ambiente de trabalho da maioria, embora uma boa parte atue em consultórios particulares.

A psicanálise é o tipo de abordagem preferida dos profissionais, seguida de perto pela comportamental. Em seguida, vêm as abordagens junguiana, sistêmica e rogeriana. Os focos holístico, fenomenológico, transpessoal, psicossomático, cognitivo e eclético também foram citados.

Embora grande parte dos profissionais não tenha concluído mestrado nem doutorado, cerca de 75% freqüentou, pelo menos, um congresso nos últimos dois anos, enquanto 90% sente necessidade de receber treinamento.

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