segunda-feira, 20 de abril de 2009

Adesão ao tratamento com estatinas associada a menor risco de mortalidade por todas as causas,mesmo na prevenção primária

Autor: Michael O'RiordanPublicado em 17/02/2009

Um novo estudo demonstra que pacientes em cuidado preventivo primário ou secundário, que utilizam regularmente estatina, apresentam risco de morte significativamente menor que aqueles que não aderem ao tratamento [1]. Segundo relatam os pesquisadores, indivíduos que utilizam a medicação pelo menos 90% do tempo apresentaram uma redução de 45% no risco de mortalidade por todas as causas, comparados a pacientes menos comprometidos com o tratamento.
“Os benefícios observados com a administração de estatinas foram maiores que o esperado por estudos clínicos randomizados, enfatizando a importância de promover o tratamento com estatinas e aumentar a continuidade do tratamento tanto na prevenção primária quanto na secundária”, escrevem Dr Varda Shalev (Tel Aviv University, Israel) e colaboradores na edição de 9 de fevereiro de 2009 do Archives of Internal Medicine.
O estudo, uma análise retrospectiva de 229.918 indivíduos registrados em uma health-maintenance organization, avaliou o efeito do tratamento com estatina em pacientes com ou sem doença coronariana pré-existente. Conforme os autores ressaltam, os benefícios desta terapia estão bem documentados, mas o efeito do tratamento hipolipemiante sobre a mortalidade por todas as causas em uma coorte de prevenção primária é mais controverso. Por exemplo, um artigo de opinião publicado no Lancet em 2007 e na heartwire por Dr. John Abramson (Harvard Medical School, Boston, MA) e Dr. Jim Wright (University of British Columbia, Vancouver) debateu que a maior parte das evidências não apoiavam o tratamento com estatina na prevenção primária em mulheres ou indivíduos com mais de 65 anos de idade.
Nesta análise mais recente, os pesquisadores avaliaram o benefício da prevenção primária sobre a mortalidade em 136.052 pacientes sem história de doença cardíaca acompanhados por um tempo médio de 4 anos. A coorte de prevenção secundária foi composta por 93.866 pacientes acompanhados, em média, por 5 anos. A adesão ao tratamento com estatina foi avaliada pelo número de prescrições que foram realizadas com esta medicação durante o intervalo entre a primeira prescrição e o final do acompanhamento.
Nas coortes de prevenção primária e secundária, a utilização regular de estatinas, que foi definida como tratamento durante 90% do tempo do período de acompanhamento, associou-se à redução de 45% e 51%, respectivamente, no risco de morte, comparados a indivíduos que utilizaram a medicação por um tempo menor que 10% do período do acompanhamento. A redução foi mais pronunciada entre pacientes com níveis iniciais de colesterol da lipoproteína de baixa densidade (LDL-C) elevados e entre os que receberam tratamento hipolipemiante intensivo.

“Nossos resultados confirmam que os benefícios das estatinas se estendem a pacientes não selecionados em ambientes da comunidade”, escrevem Shalev e colaboradores. “A maior continuidade no tratamento e a eficácia aumentada da droga estão associadas a melhor sobrevida tanto entre indivíduos da coorte de prevenção primária quanto da secundária”.
A equipe informou que os benefícios observados neste estudo são muito maiores que os benefícios sobre a mortalidade mostrados em estudos clínicos, nos quais somente uma redução modesta na mortalidade por todas as causas foi verificada. Estudos em populações de pacientes não-selecionados, como neste estudo observacional, podem “ajudar a compreender melhor os benefícios gerais das estatinas que podem resultar de seus efeitos antiinflamatório, antitrombótico ou antiapoptóptico, bem como de sua ação sobre a óxido nítrico sintetase”, eles sugerem.
Os pesquisadores enfatizam que o estudo é limitado pelo desenho e pelo fato da avaliação da terapia com estatina ser baseada em informações coletadas.
Shalev V, Chodick G, Silber H, et al. Continuation of statin treatment and all-cause mortality. Arch Intern Med 2009; 169:260-268.
Abramson J, Wright J. Are lipid-lowering guidelines evidence-based?
Lancet 2007; 369:168-169.

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