Um estudo publicado pela revista britânica Diabetologia mostra que um certo tipo de vírus pode estimular o desenvolvimento de casos de diabetes, principalmente em crianças. Segundo os cientistas, sinais de enterovírus foram encontrados no tecido do pâncreas de 60% das crianças pesquisadas que tinham diabetes do tipo 1, não sendo detectados nas que não possuíam. 40% dos adultos pesquisados com diabetes tipo 2 tinham sinais de infecção pelo enterovírus nas células produtoras de insulina. Para os pesquisadores, infecções por enterovírus poderiam desencadear o desenvolvimento de diabetes tipo 1 em crianças com predisposição genética. Já em relação ao diabetes tipo 2, relacionado com a obesidade em adultos, eles acreditam que a infecção afeta a habilidade das células de produzir insulina, o que, combinado com a grande demanda pela substância no organismo de pessoas obesas, seria suficiente para o desenvolvimento da doença. De acordo com os cientistas, apesar dos resultados abrirem caminho para o desenvolvimento de uma vacina, eles ainda precisam descobrir quais os tipos de enterovirus podem estar relacionados com o diabetes, já que existem mais de 100 variedades dele. Texto: Pablo de Moraes - SBEM (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia)
quarta-feira, 25 de março de 2009
segunda-feira, 23 de março de 2009
A metformina pode intensificar a redução de peso em adolescentes do sexo feminino
Autora: Michelle Rizzo
Nova York – De acordo com os resultados de um estudo publicado no mês de junho do Journal of Pediatrics, a metformina associada a mudanças no estilo de vida pode auxiliar as adolescentes a perder peso, desde que também aconteçam mudanças na alimentação.
Dra. Kathryn Love-Osborne, do Denver Health and Hospitals, Colorado, e colaboradores avaliaram, através de um estudo duplo-cego randomizado, o efeito causado pela a adição de metformina (ou placebo) a um programa personalizado de reeducação alimentar e de exercícios físicos entre 85 adolescentes obesos e com resistência à insulina.
A média de idade dos participantes deste estudo era 15,7 anos e o índice de massa corporal (IMC) médio era de 39,7. Dos 85 indivíduos, 71% eram meninas, 58% eram de origem hispânica e 34% de etnia afro-americana.
Os pesquisadores relataram que as metas estabelecidas de redução de peso não foram atingidas nesta população. Não houve diferenças detectáveis entre o grupo que utilizou metformina ou placebo com relação à redução do peso ou metabolismo glicídico.
Entretanto, foi observada uma redução significativa do IMC entre meninas que recebiam metformina que não foi detectada naquelas que utilizavam placebo. Sessenta por cento dos participantes que utilizavam metformina e que também reduziram as porções de sua alimentação apresentaram uma redução de mais de 5% do seu IMC.
Dra. Love-Osborne disse à Reuters Health que “as opções atuais de medicamentos para perda de peso são muito caras e geralmente os planos de saúde não fornecem cobertura. Desta forma, os remédios não são acessíveis aos pacientes de baixa renda que apresentam risco elevado para as complicações relacionadas com a obesidade”.
“A disponibilidade de uma medicação barata e segura, que pode trazer benefícios para pacientes que se encontram motivados a realizar pequenas modificações em seus hábitos de vida, poderá ser uma opção adicional para que os profissionais de saúde possam melhorar as condições de saúde de adolescentes obesos na atenção primária”.
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domingo, 8 de março de 2009
Aspectos epidemiológicos do diabetes mellitus e seu impacto no indivíduo e na sociedade
Por Dra. Sandra FerreiraProfessora Titular do Depto de Nutrição da Faculdade de Saúde Pública da USP
O diabetes mellitus tipo 2 (DM-2) tem sido considerado uma das grandes epidemias mundiais do século XXI e problema de saúde pública, tanto nos países desenvolvidos como em desenvolvimento. As crescentes incidência e prevalência são atribuídas ao envelhecimento populacional, aos avanços terapêuticos no tratamento da doença, mas, especialmente, ao estilo de vida atual, caracterizado por inatividade física e hábitos alimentares que predispõem ao acúmulo de gordura corporal.
A maior sobrevida de indivíduos diabéticos aumenta as chances de desenvolvimento das complicações crônicas da doença que estão associadas ao tempo de exposição à hiperglicemia. Tais complicações - macroangiopatia, retinopatia, nefropatia e neuropatias - podem ser muito debilitantes ao indivíduo e são muito onerosas ao sistema de saúde. A doença cardiovascular é a primeira causa de mortalidade de indivíduos com DM-2, a retinopatia a principal causa de cegueira adquirida, a nefropatia uma das maiores responsáveis pelo ingresso a programas de diálise e o pé diabético importante causa de amputações de membros inferiores. Assim, procedimentos diagnósticos e terapêuticos (como bypass coronariano, fotocoagulação retiniana, transplante renal dentre outras cirurgias), hospitalizações, absenteísmo, invalidez e morte prematura elevam substancialmente os custos diretos e indiretos da assistência à saúde da população diabética. Desafortunadamente, o DM é acompanhado de outras morbidades que podem tornar os custos totais exorbitantes.
Porém, hoje existem amplas evidências sobre a viabilidade da prevenção, tanto da doença em si como de suas complicações crônicas. O número de indivíduos com DM dá uma idéia da magnitude do problema e estimativas têm sido publicadas para diferentes regiões do mundo, incluindo o Brasil. Em termos mundiais, cerca de 30 milhões de indivíduos apresentavam DM em 1985, passando para 135 milhões em 1995 e 240 milhões em 2005, com projeção de atingir 366 milhões em 2030, dos quais dois terços habitarão países em desenvolvimento.
No Brasil, o SUS (Sistema único de Saúde) vem progressivamente atendendo desde 1994 um número crescente de pessoas com DM.
Em termos mundiais, cerca de 30 milhões de indivíduos apresentavam DM em 1985, passando para 135 milhões em 1995 e 240 milhões em 2005, com projeção de atingir 366 milhões em 2030, dos quais dois terços habitarão países em desenvolvimento. No Brasil, dados sobre prevalência de DM, representativos da população residente em 9 capitais, datam do final da década de 80. Nesta época, estimou-se que, em média, 7,6% dos brasileiros entre 30 e 69 anos de idade apresentavam DM, que incidia igualmente nos dois sexos, mas que aumentava com a idade e a adiposidade corporal. As maiores taxas foram observadas em cidades como São Paulo e Porto Alegre, sugerindo o papel da urbanização e industrialização na patogênese do DM-2.
Um achado relevante foi o de que metade dos indivíduos diagnosticados diabéticos desconhecia sua condição. Isso significa que os serviços de saúde têm diagnosticado casos de DM tardiamente, dificultando o sucesso do tratamento em termos de prevenção das complicações crônicas.
O Ministério da Saúde tem regularmente divulgado dados regionais sobre internações por DM que permitem avaliar o impacto sobre a morbidade e mortalidade dos brasileiros; tais dados foram apresentados no XV Congresso Brasileiro de Diabetes, em 2005.
Infelizmente, as informações deste estudo multicêntrico sobre prevalência de DM no Brasil (também conhecido como Censo de Diabetes) não foram atualizadas. Dados representativos da população de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, foram mais recentemente publicados.
Segundo os dados do estudo de Ribeirão Preto, a prevalência do DM, na faixa dos 30 aos 69 anos, foi de 12,1% (em comparação com o Censo Nacional de Diabetes de 1988, no qual a prevalência nessa mesma faixa etária foi de 7,6%) sugerindo que o DM deve estar se tornando mais prevalente, pelo menos na população adulta residente neste estado. Para uma estimativa mais atualizada da prevalência do DM numa determinada população, como num município, por exemplo, deve-se levar em consideração a prevalência média do DM em 3 faixas etárias: abaixo de 30 anos, entre 30 e 69 anos e com 70 anos ou mais, aplicando esses índices de prevalência às respectivas populações de cada faixa etária, conforme o último censo populacional do IBGE. Com esta metodologia de cálculo, utilizando-se a prevalência do estudo de Ribeirão Preto (12,1%) ao invés da prevalência do Censo Nacional de Diabetes (7,6%) para a faixa etária de 30 a 69 anos, o número estimado de portadores de DM no Brasil é de aproximadamente 10,3 milhões.
Dados ainda mais preocupantes têm sido relatados para um subgrupo da nossa população, o de ascendência japonesa. Estes apresentam pelo menos o dobro da prevalência de DM quando comparado à população geral brasileira e os pesquisadores têm atribuído este fato tanto ao ambiente ocidental como à predisposição genética.
Com base nas estimativas e projeções sobre os números de indivíduos com DM e hipoteticamente considerando uma ocorrência constante da doença ao longo do tempo, a Sociedade Brasileira de Diabetes criou um “relógio” que continuamente alertaria sobre a ocorrência de novos casos de DM no mundo. Este contador pode ser visto na home page do site da SBD. Apesar das grandes limitações na criação deste relógio, é louvável a iniciativa de relembrar a todo o momento a relevância deste problema de saúde. Para 2006, estima-se que existam 11 milhões de brasileiros com DM.
Diante deste quadro alarmante sobre a situação do DM, tem-se buscado compreender causas ou fatores determinantes, passo fundamental na tentativa de reverter a progressão desta epidemia. Parte desta pode ser atribuída ao aumento global da expectativa de vida, observado inclusive no Brasil, segundo o IBGE. Isso tem ocorrido principalmente devido à redução da mortalidade infantil, o que também implica em aumento do percentual de casos de DM, de acordo com dados do censo de 2005, contidos no http://www.ibge.org.br.
Não cabe aqui citar os avanços na identificação de fatores causais do DM-2 mas é fundamental que se reforce o papel definitivo do estilo de vida moderno que implica em acúmulo de adiposidade corporal, sendo especialmente deletério na região visceral. Como contraprova para a importância do estilo de vida para o risco de DM, estudos de grande porte, conduzidos em diferentes partes do mundo, provaram que hábitos de vida mais saudáveis (dieta balanceada, rica em fibras, visando peso corporal realisticamente adequado, associada a atividade física de, pelo menos, 150 minutos semanais) são capazes - em indivíduos pré-diabéticos - de reduzir seu risco de DM em 58%.
Mais interessante ainda foi a observação no estudo desenvolvido pelo Diabetes Prevention Program Research Group, conduzido nos EUA, no qual a tentativa de prevenção farmacológica da doença, por meio da metformina, trouxe resultados piores que os observados com a mudança do estilo de vida, com reduções no risco de DM de 31% e 58%, respectivamente.
A literatura dispõe de amplas evidências sobre a relevância do bom controle glicêmico e dos demais fatores de risco cardiovascular na prevenção das complicações. Em se tratando do DM-2, o UKPDS, que no século passado questionou se a eficácia do controle glicêmico na preveniria as complicações crônicas diabéticas, foi, até certo ponto frustrante. Isto porque, apesar de comprovar significantes benefícios do controle da glicemia na prevenção da microangiopatia (retino e nefropatia) - à semelhança do previamente documentado em portadores de DM-1 no DCCT - não demonstrou redução de eventos cardiovasculares e morte. Ponderações sobre estes resultados foram diversas na literatura e as razões para tais achados foram em parte explicadas.
Outro marco importante na prevenção secundária foi a divulgação do estudo Steno-2 que convenceu a sociedade científica da necessidade de se tratar intensivamente os múltiplos fatores de risco (níveis glicêmicos, pressóricos, perfil lipídico e a microalbuminúria) para obter redução significante também dos eventos cardiovasculares e mortalidade em indivíduos com DM-2. Tal programa de tratamento intensivo dos múltiplos fatores de risco em pacientes com DM-2 e microalbuminúria reduz o risco de eventos cardiovasculares e microvasculares em cerca de 50%.
Há consenso de que o indivíduo diabético é de altíssimo risco cardiovascular, comparável àquele não-diabético que já apresentou um infarto do miocárdio. O estudo de Haffner e colaboradores mostrou que a incidência de infarto agudo do miocárdio em indivíduos diabéticos sem história prévia de doença arterial coronariana (DAC) é similar àquela dos indivíduos não diabéticos com história prévia de DAC.
Dessa forma, justificam-se as metas rigorosas em termos de valores de glicemia (jejum e pós-prandial), hemoglobina glicada, pressão arterial e lipoproteínas estabelecidas por sociedades científicas como a SBD, American Diabetes Association e American Heart Association.
O estudo DECODE avaliou a correlação entre a tolerância à glicose e a mortalidade, fornecendo convincentes evidências sobre a importância de se obter também a normalização da glicemia pós-prandial como uma das metas importantes para a redução do risco cardiovascular.
Postado por Bruno às 19:31 0 comentários
sábado, 7 de março de 2009
Diabetes e Dença Renal Crônica.
diabetes e a maior causa de insuficiência renal terminal em todo o mundo1,2. A instalação da nefropatia diabética representa a maior causa de morbidade e mortalidade nos subtipos 1 e 2.
Os marcadores clínicos da nefropatia diabética incluem o aumento progressivo da excreção de albumina urinária e a queda na taxa de filtração glomerular (TFG) que ocorre em associação
ao aumento da pressão arterial, culminando com evolução de doença renal terminal (DRT).
O impacto da hipertensão na nefropatia diabética, que leva às complicações microvasculares, entre elas a progressão da lesão renal, é evidente e independente de outros fatores de risco.
A disfunção renal relacionada ao diabetes resulta da interação de diversos fatores: genéticos, ambientais, metabólicos e hemodinâmicos, que, atuando em conjunto, promovem o enfraquecimento da membrana basal glomerular, a expansão da matriz mesangial, a diminuição do número de podócitos, glomeruloesclerose e fibrose tubulointersticial. A hipertensão arterial contribuiria aumentando a pressão hidrostática intraluminal.
O bom controle da pressão arterial e glicêmico exerce papel-chave na redução de risco e na progressão da nefropatia diabética. No entanto a regulação dos níveis pressóricos e glicêmicos dos pacientes continua a desafiar para a maioria dos profissionais de saúde.
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Postado por Antonio Tiago às 19:00 0 comentários
Marcadores: Diabetes., Doença Renal Crônica, Fortaleza, Nefropatia Diabética
quarta-feira, 4 de março de 2009
Cirurgia contra obesidade pode eliminar diabetes tipo 2
A cirurgia bariátrica já provou sua eficiência na melhora do diabete tipo 2 em obesos, mas começa a ser empregada em pessoas que não são tão gordas.
A ciência se prepara para ampliar sua ação contra o diabete. E quem está na mira desta vez são os diabéticos tipo 2 não obesos até mesmo pessoas com 15, 16, 20 quilos acima do ideal. O que os médicos buscam é comprovar que a cirurgia bariátrica, velha conhecida e nem um pouco experimental, servirá também para essa gente num futuro próximo.
A idéia, portanto, é não mais restringir a operação a pacientes com índice de massa corpórea, o IMC, acima de 35, como acontece hoje em dia. Ora, há no Brasil entre 6 e 8 milhões de diabéticos tipo 2 e apenas 25% deles possuem IMC acima de 35. Por isso nosso foco agora são os 60% de diabéticos tipo 2 com índice entre 28 e 35, declara José Carlos Pareja, pesquisador e chefe do Serviço de Cirurgia de Obesidade da Universidade Estadual de Campinas, a Unicamp, que fica no interior paulista.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, o número de diabéticos do tipo 2 deve dobrar até 2030, atingindo 4,4% da população do planeta, ou seja, alarmantes 366 milhões de pessoas. Já se sabe que o excesso de gordura associado aos maus hábitos alimentares e ao sedentarismo detona o mal em quem tem predisposição.
Os quilos a mais também aumentam o risco de doenças cardiovasculares e articulares. Não à toa, os obesos severos e com diabetes foram os primeiros a se beneficiar da cirurgia que reduz o estômago. Mas, antes mesmo de o paciente operado perder peso, notávamos uma espantosa melhora do quadro de diabete, como uma espécie de conseqüência, diz Pareja. Isso nos abriu os olhos para a possibilidade de usar o mesmo procedimento em diabéticos com obesidade moderada, completa ele, que lidera um dos grupos pioneiros nessa investigação.
Para Luiz Vicente Berti, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica, se os estudos iniciais confirmarem que a operação é a saída para o diabetes, inclusive em pacientes mais magros, a Medicina terá dado um grande salto. Aí as técnicas cirúrgicas atenderão a pacientes que resistem ao tratamento, não controlam a doença como deveriam e não têm acesso constante a especialistas, remédios e cuidados.
As primeiras cirurgias bariátricas, voltadas apenas para os pacientes com obesidade mórbida, visavam reduzir o estômago. As pessoas operadas podiam comer de tudo, só que logo se saciavam e, ainda por cima, nem todos os nutrientes eram aborvidos de modo que, óbvio, emagreciam. Mas, claro, isso também trazia inúmeras complicações. Mais recentemente surgiram vários modelos cirúrgicos, entre eles alguns que mexiam um pouco no intestino e um pouco no estômago.
Alguns deles mostraram que a melhora do diabetes acontecia mais rápido do que a perda de peso, conta Sérgio Santoro, cirurgião do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, e membro-titular do Colégio Brasileiro de Cirurgia Digestiva. É porque essas técnicas alteram a produção dos hormônios do intestino, tanto os responsáveis por reduzir o estímulo para começar a comer como os que levam à saciedade. E isso tudo acaba intensificando a produção de insulina. Ou seja, o diabetes melhora. Ou some.
Em pacientes com IMC maior que 35 os gordos pra valer a reversão da doença gira de 70% a 75%. O resultado é bom não só em relação ao diabetes, mas à queda da pressão arterial, dos triglicérides e do colesterol direcionou as últimas pesquisas aos indivíduos com IMC entre 30 e 35 e até àqueles cujo índice ficava abaixo de 30. Para Santoro, tudo indica que essas técnicas, que se mostraram eficazes nos obesos severos, também vão funcionar em quem tem IMC menor que 35.
Mas ainda há dúvida se funcionarão em pessoas com IMC inferior a 25, uma vez que o risco em pacientes não obesos é muito maior, alerta. Já quando a obesidade é moderada, todas as técnicas de cirurgia bariátrica funcionam. Só que ainda não temos dados suficientes para afirmar qual delas é a melhor. Tudo isso demanda tempo, acompanhamento, protocolos de estudo. Temos ainda um bom caminho a percorrer.
E há outro detalhe: não pense que esses procedimentos serão indicados para todos os diabéticos do tipo 2. O diabetes vai se tornando mais complexo à medida que nos aproximamos de índices normais de peso, isto é, IMC entre 18 e 25, expõe Pareja. O diabético que é obeso mórbido tem uma clara resistência à insulina causada pela gordura que se acumula. No magro, os fatores que levaram à doença passam longe do excesso de gordura, lembra Pareja. Ainda não sabemos por que a resistência ao hormônio se instala em quem é magro. Existem os componentes genéticos e inúmeras outras questões.
Outro aspecto que pode contra-indicar quaisquer das técnicas bariátricas diz respeito à própria doença e à sua evolução em cada paciente. Algumas formas do diabetes 2 se parecem muito com o tipo 1, dependente de insulina. Outras têm características de ambas. É preciso primeiro identificar com precisão em qual perfil o doente se encaixa para depois saber se ele poderá ou não se submeter a uma operação dessas, diz Santoro.
Para Ricardo Cohen, doutor em cirurgia pela Universidade de São Paulo e um dos médicos que testam a operação em pacientes com IMC abaixo de 30, existe mais um complicador: Os níveis de peptídeo C também indicam se a cirurgia pode ser a saída ou não. A dosagem da substância determina se o diabético ainda é capaz de fabricar insulina. Se não for mais, porque desenvolveu o diabetes tipo 2 há muito tempo, a cirurgia bariátrica já não servirá para ele, resume.
Enquanto os cientistas aguardam mais estudos para descobrir se as cirurgias de redução do aparelho digestivo podem beneficiar diabéticos não obesos, surgem especulações sobre as vantagens de encarar o bisturi para combater um mal que, teoricamente, poderia melhorar com mudanças positivas de hábito e um tratamento menos agressivo.
O médico Sérgio Santoro lembra, porém, que o diabetes tipo 2 está entre as doenças mais caras. Ele é progressivo e o paciente gasta muito, entre medicamentos e internações, do seu bolso e do bolso do Estado. Os custos diretos e indiretos podem chegar, nos Estados Unidos, onde se fez a conta, a 200 bilhões de dólares a cada ano. Ou seja, a saída pelo centro cirúrgico pode, no final das contas, se mostrar relativamente mais econômica.
Santoro pondera ainda que o impacto das cirurgias no diabetes dependerá da técnica que vai se impor nos próximos anos. Se os modelos mais simples, com menores complicações nutricionais, se sobrepuserem, então veremos uma grande mudança de paradigma. Otimista, o médico Ricardo Cohen acredita que a cirurgia bariátrica possa ser útil, no futuro, a boa parte dos diabéticos tipo 2. A operação não servirá àqueles cujo controle da doença é bom, mas a uma grande maioria cerca de 60% dos doentes que falha no seu acompanhamento.
Por Vanessa de Sá / http://saude.abril.com.br
Postado por Sawana às 21:13 1 comentários
domingo, 1 de março de 2009
Brasil Produzirá Base para Medicamento para Diabetes
"Ministério da Saúde divulgou, recentemente, que o Brasil passará a produzir a base de medicamento para o tratamento do diabetes, chamada cristais de insulina. Em uma audiência no Palácio do Planalto, em Brasília, com a presença do Presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva; o ministro da Saúde, José Gomes Temporão; e o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, foi anunciada a criação de uma unidade no Distrito Federal.
A empresa responsável pelo desenvolvimento é das farmacêuticas União Química e Biomm. O investimento será de até R$ 200 milhões, segundo as informações oficiais. Atualmente, a Biomm tem à frente o ex-ministro Walfrido dos Mares Guia. A empresa é considerada uma sucessora da Biobrás, que foi comprada pela Novo Nordisk em 2001 e desativada posteriormente.
Segundo divulgou o Ministério da Saúde, a produção nacional do medicamento é um passo importante para o “aumento da capacidade brasileira no campo da ciência, tecnologia e inovação no setor saúde”. Após a construção da fábrica e o início da produção, o Brasil passaria a se juntar a um grupo de países muito restritos que dominam essa tecnologia.
A expectativa dos empresários é que, em dois anos, o país produza 800 kg do medicamento, material considerado suficiente para atender toda a demanda nacional, além de permitir a exportação para outros países. Será a primeira fábrica na América do Sul a produzir os cristais de insulina.
De acordo com dados do governo brasileiro em 2009 o país importou 12,6 milhões de unidades de insulina, representando um gasto de R$ 69 milhões. Atualmente, duas empresas multinacionais – Novo Nordisk e Eli Lilly – são responsáveis pelo fornecimento de insulina ao mercado brasileiro.
Há algum tempo que o diabetes é considerado um problema de saúde pública e os gastos com tratamento pelo SUS vêm aumentando a cada ano. O governo acredita que com esse investimento seja possível reduzir o déficit comercial com a importação do produto.
Segundo José Roberto Arruda, governador do Distrito Federal, outros ganham se somarão como a geração de cerca de 1.100 empregos com a instalação da fábrica que, segundo o cronograma, deve ter as atividades começando em abril deste ano.
O que São Cristais de Insulina*
Cristais de insulina são a matéria-prima utilizada para a produção da insulina exógena, que é um tipo de medicamento a ser utilizado pelo para o paciente com diabetes, ou seja, não produzido pelo organismo. O cristal também pode ser definido como a forma de apresentação da molécula do hormônio, que pode ser, por exemplo, dímero (2 moléculas) ou hexâmero (6 moléculas)."
Fonte: Sociedade Brasileira de Diabetes
Postado por Fábio às 00:07 0 comentários